segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Aquele sorriso

        Naquele momento tudo parecia bom, a felicidade me parecia plena, a loucura me parecia plena. Ainda num instante apático de lisergia ele se pôs diante de mim em uma breve troca de olhares, pude sentir meu cérebro ferver em reações químicas que nem sei explicar, borbulhando ansiedade por minhas entranhas e tomando minha mente com um desejo que me causara angústia e abalava ainda mais meu fígado já torturado pelo o álcool. Um desafio perigoso de conquista que eu já pressupunha falho.
         Entretanto, me pego em nostalgias com seus olhos e cabelos castanhos em contraste com sua pele clara, seu corpo delgado e seu sorriso... aquele sorriso, suave e misterioso que me levou à extrema insegurança e instiga, a um leve desespero até. Vejo minha racionalidade sucumbir perante a impulsividade e o desejo, maldita insensatez que me mata e me mata outra vez, não apenas de prazer. E assim retorno meus pensamentos àquela pele macia, às suas mãos e dedos, à sua voz inconfundível enquanto me torturava com breves mordiscadas por minhas costas e pescoço.
        Naquele instante tudo parecia bom, o gosto me fazia vulgar, o tato nos fazia vulgar; até eu perceber que para ele, provavelmente, só o vulgar já iria bastar em nós.