quinta-feira, 7 de abril de 2011

Abstinência

    Já tão cedo, anseio novamente pelos suspiros da madrugada. Ofegos breves de uma mente fértil, zabaneira, uma nova abstração voluptuosa sob os lençóis frios e solitários. Almejo outro instante de enjoo frente ao incerto, grito por apenas um beijo viril, intenso o bastante para me ludibriar de sonhos e motivação.
    O que um dia me pôs a sangrar, hoje me é desejo de consumo. Os espinhos que uma vez me feriram, hoje valem as pétalas, o perfume, o gosto.
    O sabor do beijo intenso de um amor platônico compensa as lágrimas fartas de olhos desiludidos?...de um pobre coração cigano, partido?
    Todavia, quanto mais procuro me encontrar, mais me afasto deste ser desconhecido. Rezo para que ele, ao menos, exista além da minha imaginação, além do meu mundo distorcido.

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