segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Coração pela Pedra

   Amarga dor seguida de fúria, um desejo insano de, com a própria mão direita, perfurar meu peito. Segurar com força e exatidão este músculo involuntário que se recusa a obedecer a razão e afagá-lo com dedos e unhas, com todo o meu ódio e paixão. Finalmente, aquele pedaço de carne agora pulsa em uma bandeja de metal, longe deste peito quente e aconchegante, longe da pessoa que satisfazia todas as suas vontades, próximo a um talher frio e enferrujado.
   A dor se fez acentuada, apesar do alívio pela apatia. Com movimentos firmes e precisos a agulha de ponta curva atravessava minha pele e por um breve instante tocou algo, algo que preenchia o lugar daquele que antes pulsava, mas não houve dor, não pulsou e jamais nada sentiu.


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